Rondônia: Acampamento Manoel Ribeiro segue resistindo ao cerco militar ilegal

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Grande resistência camponesa! Acampamento Manoel Ribeiro derrota operação de despejo da PM

Por Jornal A Nova Democracia

Foto: Reprodução



Em demonstração de alto espírito combativo, os camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro se mostraram dispostos a enfrentar as forças de repressão do velho Estado em busca de ter um pedaço de terra para viver.

“Toda a Santa Elina, nós vamos retomar!”. Diante desta afirmação, os camponeses repeliram com heroismo o ataque perpetuado por toda a noite do dia 31 de março e madrugada do dia 1º de abril, em uma operação arquitetada pelas forças reacionárias do velho Estado a mando do latifúndio e com carta branca do governador Marcos Rocha. A resistência das massas camponesas do Acampamento Manoel Ribeiro derrotou mais uma expedição das forças policiais de Rondônia em seu objetivo de destruir as roças e plantações e devolver a terra ao latifundiário grileiro.

Durante a noite do dia 31 de acordo com informações enviadas à Redação de AND, cerca de 25 viaturas, entre elas viaturas da Polícia Militar (PM) e da Força Tática e Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), invadiram o acampamento. No decorrer da ação, atacaram os camponeses com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Uma criança moradora da região foi atingida. O fato ocorre depois de as Forças Armadas suspenderem o atendimento médico aos camponeses, impossibilitando a vacinação de diversas pessoas no pior momento da pandemia.

As famílias, assim como em outras recentes tentativas de invasão das forças reacionárias, resistiram levantando bandeiras vermelhas, com rostos protegidos e, sob fogo de seus inimigos, entoavam palavras de ordem, como: Nem que a terra engrossa, esta terra é nossa!Um, dois, três, quatro, cinco, mil! Avança a Liga por todo o Brasil! e Pra mulher se libertar de toda opressão, só com a luta proletária e a revolução!

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Em meio à ação, dois camponeses foram presos enquanto um estendia roupas e outro estava no rio. Durante a prisão foram agredidos pelos policiais, que perguntavam incessantemente “quem são as lideranças”. Os camponeses foram levados à Casa de Detenção em Vilhena. 

As terras agora ocupadas por centenas de famílias do Acampamento Manoel Ribeiro são as mesmas que em 1995 foram palco da Resistência Heroica dos Camponeses de Corumbiara, onde diante de crimes odiosos da reação os camponeses que ali lutaram prometeram retomar aquela e todas as terras da antiga “Fazenda de Santa Elina” – uma gigantesca terra grilada pelo latifúndio que abrange o município de Chupinguaia, Rondônia.

A imagem reproduz os alvos dos ataques das forças repressivas que atuam contra os camponeses pobres do Acampamento Manoel Ribeiro. Foto: Reprodução

A OPERAÇÃO

O ataque, que opera sob o nome de Operação “Paz no campo”, coordenada por militares e o governo de Rondônia (chefiado pelo coronel reacionário Marcos Rocha), vem se desdobrando há algum tempo.

O latifúndio em questão, parte da antiga “Fazenda Santa Elina”, é denominado “Fazenda Nossa Aparecida”, e conta com uma área de 3,5 mil hectares. Quem alega ser seu dono é o latifundiário Antônio Borges Afonso, também conhecido como “Toninho Miséria”. Os Boletins de Ocorrência e pedidos de despejo contra os camponeses por sua vez foram feitos em nome de “Agropecuária Caxibi”.

As tentativas de despejo não cessaram mesmo com a comprovação de que o latifundiário Antônio Borges Afonso, tenha contratado guaxebas para atacar os camponeses e que entre eles estão policiais militares, inclusive um sargento. Ficou revelado em meio a toda essa exposição que um dos pistoleiros mantinha relacionamento com uma funcionária da Prefeitura Municipal de Vilhena-RO.

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AND teve acesso a documentos como o “Relatório Técnico da Inteligência” sobre o acampamento, onde é relatada incursões da PM dos dias 23/03 a 26/03.

No dia 25 de março, a já conhecida operação utilizada para perseguição aos que lutam pela terra, a Operação “Paz no Campo” foi acionada, autorizando os militares a invadirem os pontos indicados no mapa abaixo, porém devido à resistência dos camponeses estes permanecem nas imediações da área durante o dia 26 de março. De acordo com o documento, os policiais deveriam aguardar para realizar o ataque aos camponeses na sede da fazenda.

Em um outro relatório, a PM confirma a tentativa de invasão realizada por policiais e guaxebas denunciada pelo AND em 22 de janeiro e relata a resistência dos camponeses diante da operação inviabilizando os planos de intimidação solicitado pelo próprio latifundiário.

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Diversas violações e ilegalidades foram perpetuadas durante as ações. Uma delas é o desacato à orientação de não desencadearem ações durante a madrugada. 

Diante dos documentos, fica expressa a intenção de mapear os camponeses, a Liga dos Camponeses Pobres, e todas as ações que ocorrem na luta pela terra, a fim de criminalizá-la e defender o latifúndio.

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